Pesquisa

Estudo mostra que a participação na iniciação científica contribui na vida acadêmica e profissional de estudantes

A pesquisa investigou as perspectivas dos alunos do Câmpus Goiânia sobre a iniciação científica

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  • Publicado: Terça, 07 de Abril de 2020, 16h23
  • Última atualização em Terça, 28 de Abril de 2020, 20h05
Professora orientadora, Clarinda Aparecida da Silva, e a aluna do 4º ano do técnico integrado em Edificações, Aléxia Santos Vasconcelos, desenvolveram pesquisa que avalia as contribuições do Programa de Iniciação Científica na visão dos alunos do Câmpus Goiânia do IFG ( fotos: acervo pessoal).
Professora orientadora, Clarinda Aparecida da Silva, e a aluna do 4º ano do técnico integrado em Edificações, Aléxia Santos Vasconcelos, desenvolveram pesquisa que avalia as contribuições dos Programas de Iniciação Científica na visão dos alunos do Câmpus Goiânia do IFG ( fotos: acervo pessoal).

O atual contexto do novo coronavírus (Covid-19) reforça ainda mais a importância da Ciência e as contribuições de pesquisadores para esclarecimentos sobre esse vírus, definições de recomendações sanitárias e busca pela vacina e formas de tratamento. O conhecimento científico perpassa por diferentes níveis e se tornar um cientista pode sim começar desde o início da formação do estudante com a iniciação científica (IC). No Câmpus Goiânia do IFG, projeto de pesquisa confirma que a participação de alunos na iniciação científica impacta positivamente a vida acadêmica e profissional desses estudantes, segundo a avaliação dos próprios discentes.

“A Iniciação Científica (IC) proporciona ao estudante a habilidade de trabalhar em grupo, de escrever e de se expressar em público. Ela fornece subsídios para a formação do currículo e da carreira acadêmica, proporcionando melhor desempenho tanto nas seleções quanto no desdobramento de um curso de pós-graduação. A IC pode ainda proporcionar ao estudante as condições de estabelecer parcerias com outras instituições de ensino e pesquisa”, ressalta a professora e pesquisadora, Clarinda Aparecida da Silva.

A iniciação científica integra o tripé da Pesquisa, que é indissociável do Ensino e da Extensão, conforme as diretrizes institucionais do IFG. Na Instituição, o Programa Institucional de Iniciação Científica teve início em 2007, com uma cota de 20 bolsas financiadas pelo CNPq e 25 pagas com recursos do IFG. Atualmente esse Programa possui cinco modalidades: PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica), PIBIC-EM (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica no Ensino Médio), PIBIC-Af (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica nas Ações Afirmativas), PIBITI (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação) e o PIVIC (Programa Institucional de Voluntário de Iniciação Científica).

Com objetivo de avaliar a iniciação científica segunda as perspectivas dos estudantes, a professora do Câmpus Goiânia do IFG, Clarinda Aparecida da Silva, e a estudante do 4º ano do curso técnico integrado em Edificações, Aléxia Santos Vasconcelos, desenvolveram a pesquisa de título: Os efeitos da Iniciação Científica na Vida Acadêmica e Profissional de Alunos do Câmpus Goiânia do IFG. As pesquisadoras investigaram a percepção de alunos do câmpus que participaram dos Programas Institucionais de Iniciação Científica do IFG nos anos de 2010 a 2017. Os resultados do estudo foram concluídos em julho do ano passado.

No estudo, os estudantes entrevistados avaliaram, por meio de respostas ao questionário, a participação em pesquisas de iniciação científica como um fator que influenciou positivamente suas trajetórias acadêmica e profissional. Os benefícios apontados, segundo os discentes, contribuíram não somente para o aprofundamento teórico, mas também para o conhecimento prático. Dentre os motivos elencados, destacam-se: maior interesse por pesquisas; contribuição para o ingresso numa pós-graduação; ampliação na área de atuação profissional; aprendizado sobre as normas de produção e apresentação científica; possibilidade de contatos com pesquisadores; o auxílio financeiro de bolsas de iniciação científica etc.

Com base em dados da Coordenação de Pesquisa e Inovação do Câmpus Goiânia do IFG apresentados no estudo, constata-se a evolução na participação de alunos dos cursos técnicos integrados e das graduações (tanto bolsistas quanto voluntários) em pesquisas do Programa de Iniciação Científica do IFG. Em 2010, eram 44 alunos participantes; já em 2018, este número cresceu para o total de 169 discentes. Números mais recentes fornecidos pela mesma Coordenação contabilizam, nos anos de 2019 a 2020, o total de 132 alunos do câmpus cadastrados nos programas de iniciação científica.

Para a professora Clarinda Aparecida da Silva, orientadora da pesquisa, são vários os motivos que levaram a uma maior participação de alunos do Câmpus Goiânia na iniciação científica: a divulgação realizada pelo IFG sobre os programas; a ação de docentes pesquisadores que incentivam o engajamento dos alunos em atividades científicas; a divulgação entre os alunos do resultados das pesquisas, que estimulam novos discentes a se envolverem com a IC; as bolsas como um estímulo para esse envolvimento. Ela acrescenta ainda o relevante papel do Seminário de Iniciação Científica e a publicação dos artigos resultantes da IC, como é o caso dos cadernos Em Formação,  da Editora do IFG.

“A iniciação científica propicia condições para que o aluno/pesquisador tenha uma base teórica e metodológica em condições mais proveitosas que os outros estudantes que não participam de programas de pesquisa. A IC colabora com o desenvolvimento do pensar cientificamente, da criatividade, da capacidade de argumentação, dentre outras habilidades decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas oriundos da pesquisa. Contribui, portanto, para o crescimento acadêmico, intelectual e pessoal do aluno”, destaca a professora Clarinda.

Aprendizados

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Professora Clarinda Aparecida e a aluna Aléxia Vasconcelos durante apresentação da pesquisa no Seminário Local de Iniciação Científica realizada em 2019 ( foto: acervo pessoal).

 

Em sua primeira experiência de pesquisa de iniciação científica, a estudante do curso técnico integrado em Edificações e uma das autoras do estudo, Aléxia Santos Vasconcelos, pôde desenvolver a produção científica de modo participante e ativo, já que seu objeto de estudo foi a iniciação científica e ela integra esse quadro de estudantes do ensino médio participantes da IC. Sobre os resultados do estudo, Aléxia considera que: “Foi bom saber que o ‘feedback’ dos outros alunos eram positivos, me fez perceber que estou no caminho certo”.

Segundo Aléxia, participar de um projeto de iniciação científica é uma grande oportunidade para aumentar o conhecimento dos alunos e incentivá-los a ingressar no meio científico. “Eu aprendi muito no desenvolvimento do projeto, e, apesar de ter sido o primeiro, estou grata pelos resultados. Ainda estou no ensino médio, e aprendi com a iniciação científica como escrever artigos, realizar pesquisas, aplicar o método científico e apresentar trabalhos em seminários para um avaliador. Esses são aprendizados que me acompanharão para todos os setores da minha vida acadêmica. Eu pretendo realizar outras pesquisas assim que ingressar na graduação”. Ela incentiva outros alunos do ensino médio a experimentarem a IC, pois avalia que este é um meio que ajuda o estudante em suas decisões em relação ao futuro.

A orientadora de Aléxia, a professora Clarinda acredita que a possibilidade de desenvolver pesquisas de iniciação científica no ensino médio é um diferencial significativo na formação dos alunos do IFG. Ela avalia que a qualidade dos trabalhos científicos dos estudantes dos cursos técnicos integrados ao ensino médio do IFG é equivalente às pesquisas desenvolvidas por alunos dos cursos de graduação do IFG. “Em função da pesquisa, o aluno também participa de eventos científicos e integra com alunos da graduação do IFG e de outras instituições e, ao concluir o ensino médio, entra para o ensino superior já familiarizado com um contexto universitário, com maior maturidade acadêmica”.

Além dos estudantes, a docente acrescenta que os professores também aprendem, visto que a pesquisa é uma das atribuições dos docentes. Em sua visão, a orientação de pesquisa possibilita a ampliação do diálogo e a interação entre professor e aluno, colaborando, assim, para o desenvolvimento de diversas habilidades necessárias à prática docente.

Incentivos

Uma maior participação de alunos na iniciação científica requer, de acordo com a professora Clarinda, mais envolvimento dos professores nos Programas de IC. Ela destaca que é preciso uma maior oferta de bolsas de iniciação científica. De acordo com a Gerência de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão (Gepex) do Câmpus Goiânia do IFG, os valores atuais das bolsas de iniciação científica ofertadas pelo IFG por meio de editais são: R$ 400 mensais para bolsas do PIBIC, PIBIC-Af e PIBITI. Já as bolsas do PIBIC-EM e PIBIC-EM/EJA são de R$ 100 mensais.

“Embora tenha tido um aumento expressivo no quantitativo de bolsas nos últimos 10 anos, um número considerável de alunos/docentes que submetem seus projetos aos editais de IC não são atendidos. Como atualmente a demanda é maior do que o número de bolsas, é necessário ampliar a oferta de bolsas de IC do CNPq e do IFG”, avalia a docente.

O gerente da Gerência de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão do Câmpus Goiânia do IFG, professor Sérgio Botelho, explica os caminhos para que os alunos dos cursos técnicos e das graduações do câmpus participem dos Programas de iniciação científica do IFG. Primeiramente, ele destaca a importância da leitura atenta dos editais desses Programas, para que o estudante compreenda os requisitos necessários para a elaboração e desenvolvimento de um projeto de pesquisa junto com o orientador.

O segundo passo é a procura por uma linha de trabalho que esse aluno se identifique. “Dessa forma, o aluno vai identificar quem é o professor que tem a expertise naquela área, realmente ele precisa se identificar com a linha de pesquisa do professor, procurando o Currículo Lattes do professor na plataforma Lattes do CNPq. Dessa forma, ele (estudante) vai procurar um professor que tenha produção e que tenha grandes chances de submeter o projeto e ser contemplado”, explica Sérgio Botelho.

Para os alunos dos cursos superiores que pretendem concorrer a uma bolsa do CNPq, o professor Sérgio Botelho acrescenta a obrigatoriedade de que o professor orientador tenha doutorado e possua uma boa produção científica. Já para os estudantes dos cursos técnicos integrados ao ensino médio do IFG, os professores orientadores podem ter a titulação de mestres ou especialistas, de acordo com o que é definido no edital. “O aluno tem que se atentar a isso, procurando um professor que tenha produção na área de interesse. Primeiro, ler o edital; depois, procurar o professor. Até se esse aluno tiver uma ideia e procurar o professor, ele deve propor essa ideia ao professor e desenvolver minimamente o projeto de acordo com o modelo do edital”, explica o gerente.

Seguindo esses passos, o professor vai observar que o aluno tem realmente o interesse em pesquisar e que a proposta do estudante é coerente. Caso não seja, o professor pode sugerir ao aluno outra proposta de estudo dentro da linha de pesquisa do docente. Observando esses trâmites, o professor Sérgio Botelho afirma que há grandes chances do projeto de pesquisa de iniciação científica ser aprovado. Outro aspecto importante a ser observado pelos estudantes é ter a dedicação de, no mínimo, 20 horas semanais para o desenvolvimento do projeto. Isso implica que o aluno de iniciação científica não pode estar trabalhando e também não pode receber concomitantemente outros auxílios financeiros, como bolsa de extensão ou do CNPq.

Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia do IFG.