IFG recebe carta-patente de invenção para tratamento avançado de águas
"Processo de carbonização hidrotermal aplicado na remoção de hormônios sexuais sintéticos" foi desenvolvido no Câmpus Goiânia
Pesquisadores do Instituto Federal de Goiás (IFG) desenvolveram uma tecnologia para tratamento de águas superficiais, águas subterrâneas, águas de redes de abastecimento público, de indústrias, de efluentes oriundos de diversas atividades humanas, e no tratamento secundário esgotos domésticos. Denominada “Processo de carbonização hidrotermal aplicado na remoção de hormônios sexuais sintéticos”, a invenção dá ao IFG sua primeira carta-patente, emitida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
O deferimento do pedido da carta-patente foi publicado na Revista da Propriedade Industrial de nº 2632, no site do INPI. A carta de patente protege a invenção para os inventores e titulares (IFG e UFG), que ficam com o direito da concessão. A patente impede que outras pessoas ou empresas venham a utilizar o processo sem autorização prévia dos titulares e dos inventores.
O “Processo de carbonização hidrotermal aplicado na remoção de hormônios sexuais sintéticos”, foi desenvolvido pelos professores-pesquisadores do Câmpus Goiânia Joachim Werner Zang, Warde Antonieta da Fonseca Zang, Mariângela Fontes Santiago, Ruiter Lima Morais e Stefan Reis e possui cotitularidade com a Universidade Federal de Goiás (UFG).
Os professores Joachim e Warde contam que foram muitos anos de pesquisa. Primeiramente, desenvolveu-se o primeiro reator de carbonização hidrotermal, em colaboração com a Universidade alemã de Ciências Aplicadas de Trier (FH Trier, Alemanha). Depois, durante cerca de três anos, a pesquisa do reator de carbonização hidrotermal foi desenvolvida nos laboratórios de Química do Câmpus Goiânia, com apoio da área de Mecânica. E houve colaboração da Faculdade de Farmácia da UFG, para os testes com hormônios.
Situação ambiental
O processo de carbonização hidrotermal, afirma Joachim, pode ser aplicado no tratamento avançado de efluentes com contaminações de hormônios sexuais sintéticos, por exemplo, no tratamento de efluentes de indústrias farmacêuticas do setor. Ainda pode ser aplicado no tratamento secundário/avançado de esgoto, no tratamento de recuperação de águas, quando contaminadas com hormônios sintéticos.
Conforme explica, “os hormônios sexuais sintéticos fazem parte do grupo dos contaminantes emergentes ou micro poluentes, resistente a biodegradação. Eles pertencem ao grupo dos potenciais desreguladores endócrinos, significando que podem, mesmo em concentrações de traços e ultra traços (microgramas e nano gramas por litro), interferir na função natural do sistema endócrino, comprometendo processos reprodutivos. Assim, podem afetar a saúde humana e ambiental (como a fauna aquática), através da cadeia de alimentos (potencial acumulação) ou pela água potável. E os tratamentos convencionais de esgoto ou água potável não removem essas substâncias”.
Ainda segundo o professor, a tecnologia pode dar uma contribuição importante para melhoramentos da situação ambiental de países emergentes, como o Brasil. E sobre a carta-patente, ele comemora afirmando que "é uma recompensa para o IFG pelos investimentos na pesquisa e na inovação”.
Descrição
A tecnologia testou misturas aquosas de hormônios sexuais sintéticos, com ajuste do pH e carbonização hidrotermal dessas misturas, seguida de diminuição natural da temperatura e pressão interna. Nos experimentos foi utilizado um reator de escala laboratorial, de alta pressão, desenvolvido e construído na área de Química do Campus Goiânia, com recipiente de volume 250 cm3, tampa de aço inoxidável (304), manômetro instalado na tampa do reator para medir a pressão interna e uma válvula automática de escape de gases (sistema de segurança), no caso de pressão interna acima do limite crítico (25 bar ou 2,5 MPa). Nesse sistema foram testados hormônios sintéticos em solução aquosa de concentração de 1 micrograma por litro, dentre os quais foram o etinilestradiol, gestodeno e ciproterona, usados em muitas formulações de pílulas anticoncepcionais orais. Após aquecimento a cerca de 180 °C sob pressão próxima de 2 MPa houve redução de 99,3 e 100% dos contaminantes nas misturas e soluções aquosas.
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