PESQUISA

Mudanças climáticas ameaçam plantas medicinais do Cerrado, aponta estudo

O estudo traz projeções preocupantes sobre o futuro das plantas medicinais nativas do Cerrado 

  • Imprimir
  • Publicado: Quinta, 06 de Novembro de 2025, 11h06
  • Última atualização em Quarta, 03 de Dezembro de 2025, 08h56
Fonte: Google Imagens
Fonte: Google Imagens

 

Uma pesquisa realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (PPG-RENAC) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em parceria com o Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Anápolis, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), acaba de ser publicada na revista internacional Biodiversity and Conservation (Springer Nature). 

 

Estudo analisa mais de 100 espécies medicinais do Cerrado

A pesquisa, intitulada "The potential effects of climate change on medicinal plants from the Brazilian Cerrado in South America", foi conduzida por Leonardo Almeida Guerra dos Santos, egresso da UEG, sob orientação do professor Daniel de Paiva Silva, docente do IFG – Câmpus Anápolis. Também participaram do estudo os pesquisadores Bruno Vilela (UFBA), Fernanda Gonçalves de Sousa (UFG) e Washington Soares Ferreira Júnior (UFPE).

O grupo analisou como o aumento das temperaturas e as alterações no regime de chuvas podem afetar a distribuição de mais de 100 espécies de plantas medicinais nativas do Cerrado, amplamente utilizadas por comunidades tradicionais e na medicina popular. Para isso, foram utilizados modelos de distribuição de espécies integrados a projeções climáticas globais.

 

Resultados preocupantes

Segundo o estudo, até 64% das áreas atualmente adequadas para o crescimento dessas plantas poderão desaparecer até 2060, especialmente nos cenários mais severos de aquecimento global. Entre as espécies com maior risco de redução de habitat estão: Barbatimão (Stryphnodendron adstringens), Pequi (Caryocar brasiliense) e Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa). Essas espécies desempenham papéis ecológicos fundamentais e são amplamente utilizadas em práticas culturais e medicinais preservadas há séculos por povos tradicionais.

 

Migração para o norte e impactos culturais

O estudo identificou ainda uma tendência de deslocamento das espécies para regiões mais ao norte da América do Sul, incluindo áreas da Amazônia, que poderão atuar como “refúgios climáticos”. Essa migração, entretanto, pode gerar impactos socioambientais significativos:

Risco de desequilíbrios ecológicos;

Perda de acesso das comunidades locais às plantas medicinais;

Ameaça aos conhecimentos tradicionais associados ao uso dessas espécies.

Os autores destacam a necessidade de integração de políticas públicas entre os biomas Cerrado e Amazônia, além da criação de novas áreas protegidas e do fortalecimento de práticas de manejo sustentável.

 

Reconhecimento internacional

A publicação na revista Biodiversity and Conservation — uma das mais prestigiadas na área de ecologia, conservação e biodiversidade — reforça a relevância das pesquisas desenvolvidas nas instituições públicas brasileiras.

O trabalho evidencia a importância da ciência para compreender os efeitos das mudanças climáticas e orientar estratégias de conservação da biodiversidade e das práticas culturais que dependem dessas plantas.

Acesse aqui o artigo completo.

 

Instituições envolvidas:

Universidade Estadual de Goiás (UEG) – PPG-RENAC

Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Anápolis

Universidade Federal de Goiás (UFG)

Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

 

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Anápolis