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Ciência

IFG integra pesquisa multidisciplinar de apicultura orgânica

A parceria envolve UnB, Senar/GO e UEG e beneficia direta e indiretamente 80 famílias de apicultores e agricultores familiares de Anápolis e da região de Chapadinha, no Lago Leste (DF)

Imagens do projeto Apicultura Orgânica 4.0. A montagem foi elaborada a partir de fotos cedidas ao IFG Anápolis pelo pesquisador José Elton de Melo (Senar/GO)
Imagens do projeto Apicultura Orgânica 4.0. A montagem foi elaborada a partir de fotos cedidas ao IFG Anápolis pelo pesquisador José Elton de Melo (Senar/GO)

Apicultura Orgânica 4.0 é o nome de um projeto que resulta de uma parceria interinstitucional entre o Instituto Federal de Goiás (IFG), por meio do Câmpus Anápolis e do Centro de Referência em Pesquisa e Inovação (Citelab), a Universidade de Brasília (UnB), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/GO) e a Universidade Estadual de Goiás (UEG). Pesquisadores de diferentes áreas profissionais dessas instituições se uniram oficialmente em agosto de 2022 para fazer um mapeamento da realidade específica da produção de mel no Cerrado. Para isso, eles implementaram uma ampla frente de acompanhamento de um grupo de trabalhadores que atuam na apicultura com o objetivo de repassar a eles estratégias para aperfeiçoamento da qualidade do mel orgânico, gerando assim, mais trabalho e renda. Entre os beneficiários diretos e indiretos do projeto estão 80 famílias de apicultores e agricultores familiares de Anápolis e da região de Chapadinha, no Lago Leste, no Distrito Federal. A finalização da primeira etapa do projeto está prevista para outubro de 2023.

A atuação dos pesquisadores tem englobado um mapeamento que acompanha o comportamento das abelhas por meio de imagens de satélite e drones produzidas no âmbito da UnB. Dessa forma, tem sido possível observar as fontes que esses insetos voadores utilizam no processo de polinização. O monitoramento dos apiários alcança um raio de faixa entre 3 km a 5 km, que é a distância média que as abelhas costumam buscar a matéria-prima para produzir o mel em suas colônias. A partir daí, está sendo desenvolvido, dentro dos laboratórios do IFG e da UEG, um trabalho de análises físico-químicas, bioquímicas e biológicas sobre a composição do mel e do própolis seguindo padrões internacionais. Por meio de uma intermediação especial do Senar/GO, os apicultores estão envolvidos em todo processo de pesquisa de campo, autorizando a inspeção dos apiários e recebendo as instruções dos pesquisadores para técnicas de manejo e aperfeiçoamento da produção do mel.

 

SELO DE QUALIDADE

Alcançar um selo de qualidade nessa área é fundamental para passar de um mel convencional para um mel com status orgânico de qualidade. Em termos práticos, isso significa que um quilo de mel simples, que pode ser encontrado por um valor entre R$ 30 e R$ 60, poderá ser comercializado por R$ 250, R$ 300 ou até mais se o produto for dotado do selo de mel orgânico atestado conforme os parâmetros de órgãos certificadores. Por essa razão, os estudos desenvolvidos pelo projeto são tão importantes porque são eles que auxiliam na identificação da qualidade do pólen que é captado pelas abelhas, verificando, por exemplo, se as flores com as quais elas têm contato estão impactadas por agrotóxicos ou se água que as abelhas têm acesso é limpa ou não.

Imagem: José Elton de Melo (Senar/GO)

Os locais beneficiados pela pesquisa que está sendo desenvolvida no Cerrado, quando for atestada a qualificação do produto, poderão fazer parte da rota de integração nacional do mel na condição de décimo polo da rede. Segundo os pesquisadores, os resultados do projeto serão replicados, via governo federal, para os nove polos que compõem hoje a rota brasileira do mel.

  

FINANCIAMENTO DA PESQUISA

O financiamento da primeira etapa do projeto, que será concluída em outubro de 2023, tem sido feito com recursos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), por meio do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). Os recursos, que estão na ordem de R$ 1,3 milhão, tem financiado pagamento de bolsas de pesquisa e parte dos materiais utilizados nos estudos. A pesquisa compreende o esforço de uma equipe técnica multidisciplinar composta por profissionais das áreas de zootecnia, engenharia eletrônica, química, computação, biologia, engenharia civil e gestão ambiental. Essa diversidade de campos de atuação científica favorece o incremento de uma visão ampla que dialoga diretamente com os apicultores que estão na outra ponta do processo. Conforme os pesquisadores, o grande diferencial do projeto tem sido conciliar o fomento do conhecimento da ciência para a realidade prática dos apicultores. 

  

PRIMEIROS RESULTADOS

A pesquisa agrega imagens de satélite com o levantamento de dados aéreos por meio de drones equipados com câmeras multiespectrais que têm oferecido mais precisão à coleta de informações para o projeto. Tem sido desenvolvido o conceito de um produto que utiliza imagens processadas por meio de inteligência artificial, que aliado a análises bio-físico-químicas, tem auxiliado no planejamento da produção apícola orgânica. O produto final do projeto é um protótipo beta, ou seja, um protótipo pré-operacional do produto em formato de aplicativo, atualmente em versão de teste. A apresentação inicial do aplicativo está marcada para o próximo dia 27 de maio durante um encontro que reunirá pesquisadores e apicultores envolvidos com o projeto nas dependências do IFG – Câmpus Anápolis.

A pesquisa também já lançou as bases de uma coleção de referência de pólen (palinoteca) do Cerrado, feito inédito na região do Cerrado. Essa coleção é uma espécie de biblioteca de grãos de pólen, que é muito útil para a classificação e estudos das características do mel do bioma e muito relevante para a caracterização de um banco de dados para a área.

Conforme destacam os pesquisadores, a apicultura traz muitos benefícios, como baixo custo de implantação e alta rentabilidade, além de ser uma possibilidade de negócios e integração social. A instalação não requer extensas áreas de terras, não desmata e não polui o meio ambiente. Contribui para a preservação e manutenção do equilíbrio ecológico. Além disso, o mel é cientificamente reconhecido pelos seus benefícios para a saúde humana.

  

Componentes da equipe técnica multidisciplinar do projeto Apicultura Orgânica 4.0

 

UnB – Sanderson Cesar (Engenharia de Produção/Computação), Cristiane Gomes (Biologia/Meio Ambiente)

 

IFG Anápolis/CiteLab – Carlos de Melo Silva e Neto (Agronomia/Agroecologia) e Thiago Eduardo Alves (Química/Físico-Química)

 

UEG – Giuliana Vila Verde (Farmácia/Biologia Molecular) e Layssa Aparecida de Oliveira (Química)

 

Senar/GO – José Elton de Melo (Zootecnia/Apicultura)

 

 

Pesquisadores do projeto Apicultura Orgânica 4.0 durante encontro do grupo realizado na UEG em dezembro de 2022

 

 

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Anápolis

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