Participação de atleta autista do basquete confirma caráter educativo e socializador do esporte
Time do Câmpus Goiânia acolheu Bernardo e avalia que ele contribuiu muito para o trabalho em equipe
Ele é um atleta do basquete e tornou-se destaque da 1ª etapa do JIF Goiás 2023. Não por ter feito um número extraordinário de cestas ou de jogadas espetaculares, mas pelo simples fato de integrar a equipe do Câmpus Goiânia e participar dos jogos. Bernardo Santos Becerra Riquelme, 21 anos, estudante do 6º período de licenciatura em História, é autista e sua participação representa uma vitória para ele e para todos do time.
"Esporte é vida, é saúde," resume Bernardo, que começou a treinar basquete no projeto de extensão Basquetebol Sem Limites, como forma de praticar um exercício físico. O técnico Jefferson Jorcelino Máximo vai além. Ele conta que logo nas primeiras aulas percebeu que, além de empolgado, Bernardo desenvolvia bem as habilidades para o basquete. Então, decidiu convidá-lo para participar da equipe do Câmpus Goiânia, para os jogos internos.
O técnico, que é professor de Educação Física do câmpus, lembra que Bernardo ficou pensativo e disse que iria conversar com sua mãe. “Foi então que tive a oportunidade de conhecer e conversar com a Débora, mãe do Bernardo, que logo aprovou a ideia e deu o maior apoio”, contou.
O passo seguinte foi conseguir a participação de Bernardo no JIF, porque a idade máxima permitida para os atletas é 19 anos. “Solicitei junto a Comissão dos Jogos a autorização especial para sua participação e ela foi concedida. A partir daí, passei a pensar em como fazer isso de forma segura e mais adequada possível”, afirmou.
Jefferson consultou os integrantes da equipe sobre a possível participação de um atleta autista, explicando a eles que a participação de Bernardo seria em determinado momento e de forma planejada. “Todos, sem exceção, aceitaram o desafio. Então, criamos uma jogada chamada de ‘Bernard’. Demarcamos no piso da quadra: o local, quando e como ele deveria se posicionar. A jogada foi explicada para toda equipe e, depois, foi treinada com a participação do Bernardo”, comemora.
Amadurecimento
E os resultados vieram. Artur Antônio Neves Martinho, aluno do 4º ano do técnico integrado em Mineração, disse que é ótimo jogar com Bernardo. "A entrada dele no time refletiu numa união maior do grupo, que começou a jogar mais no coletivo, sem pensar tanto nos lances individuais. Melhorou a união e o convívio do grupo”, afirmou.
Já Júlio Cezar Brandão Amorim, estudante do 3º ano do técnico integrado em Controle Ambiental, disse que o time abraçou Bernardo como qualquer outro jogador, o tratando como igual. Entretanto, ele completa afirmando que "a participação do Bernardo no time vai muito além do que os olhos podem ver... a sociedade ainda está atrasada, tem preconceito com o que foge do padrão. E a presença dele leva a um amadurecimento do time e do público, que entendem e respeitam suas limitações."
Daniel Lacerda, também do 3º ano do técnico integrado em Controle Ambiental, reforça:
"Quem vê de fora pensa que o melhor jogador é o que faz mais pontos, mas o melhor jogador é aquele que sabe jogar em equipe. O Bernardo estimula o time a jogar em equipe e nos estimula a nos tornarmos jogadores melhores."
Apoio
Bernardo começou a estudar no IFG em 2020, no curso de licenciatura em História, no Câmpus Goiânia. Ele explica sua escolha, dizendo que quer muito se tornar professor.
Desde sempre, ele conta com o apoio da mãe, Débora Pricilla dos Santos, que é professora de idiomas e cursou Pedagogia no IFG Câmpus Goiânia Oeste. Débora está entre as torcedoras mais empolgadas do time de basquete do Câmpus Goiânia e afirma que o esporte está ajudando Bernardo a melhorar sua socialização. Segundo ela, o IFG acolheu e apoia Bernardo, que está cada vez mais autônomo. “Ele ama ir pro IFG. Vai e volta sozinho e se sente capaz e seguro no ambiente”, disse.
Para o JIF Goiás, o técnico Jefferson tomou o cuidado de, antes de cada partida, conversar com os árbitros, técnicos e jogadores da equipe adversária. “Informei a eles que na equipe do campus Goiânia, havia um garoto com autismo e que gostava muito de jogar basquete. Foi, então, com a colaboração de todos, que Bernardo, pôde jogar e fazer uma cesta de 2 pontos. Por alguns instantes a torcida se levantou na arquibancada e gritou seu nome. As atitudes do Bernardo são tão especiais que tiram o que há de melhor nas pessoas, como o amor, o respeito, a amizade”, afirmou.
Saiba mais sobre o projeto Basquetebol sem Limites:
Diretoria de Comunicação Social/ Reitoria.
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